POETAS DE PEDRA - LUIZ GONZAGA

   Se estivesse vivo, Luiz Gonzaga do Nascimento estaria comemorando 108 anos no próximo domingo. Ele nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na cidade de Exu, no sertão de Pernambuco. Filho de Ana Batista de Jesus e Januário José Santos, o ainda menino Luiz se encantou pela música ao acompanhar o pai, que tocava sanfona, em festas pela cidade. Já conhecido como instrumentista, Gonzaga deu uma parada nas atividades (Ou uma diminuída no ritmo) ao se alistar no Exército.

   Por nove anos, o jovem exerceu a função de corneteiro. Nas horas vagas, seguia se apresentando em festas. Com o dinheiro arrecadado nos "shows" e nas Forças Armadas, Luiz Gonzaga comprou sua primeira sanfona. No início da década de 1940 foi para o Rio de Janeiro. Por lá, se apresentou em casas de show e iniciou sua carreira nos programas de calouros. Uma participação no programa de Ary Barroso, na Rádio Nacional (Uma potência da época) fez as portas se abrirem definitivamente.

  A partir dali, a agenda de apresentações cresceu e Luiz Gonzaga passou a ser convidado para gravar discos como instrumentista para vários artistas. A grande chance surgiu em 1941, quando ele foi convidado para produzir seu próprio disco. Paralelamente, integrou o elenco de artistas das rádios Clube do Brasil, Tamoio e, mais tarde, a Nacional. Também foi nessa época que o cantor recebeu o apelido de "Lua", dado pelo ator Paulo Gracindo.

   Nos anos 40, Luiz Gonzaga iniciou uma parceria de sucesso com Miguel Lima, o compositor da letra da primeira música do cantor: "Vira e mexe". Junto com ele, vieram outros clássicos, como "Dezessete e Setecentos" e "Penerô Xerém". Outra união musical de sucesso de "Lua" foi com Humberto Teixeira. Entre os sucessos da dupla, estão "Paraíba", "Baião" e o maior de todos: "Asa Branca". Anos mais tarde, Teixeira se dedicou a política e Gonzaga iniciou uma nova parceria, com Zé Dantas.

   A medida que os êxitos se sucediam, Luiz Gonzaga foi se firmando no cenário musical exaltando a cultura nordestina. Na década de 1950, o cantor foi oficialmente conclamado o "Rei do Baião". Ele virou ícone das festas nordestinas, com seus discos lançados sempre no período junino. Nos anos 1960, o cantor perdeu o parceiro Zé Dantas e teve de procurar novos compositores. Desta nova safra, conheceu Hervê Cordovil. Os anos 70 foram de consagração para Luiz Gonzaga, com shows em grandes templos da música brasileira, entre eles, o Teatro Municipal de São Paulo.

   A última década de carreira do artista foi marcada pela consagração discográfica. O disco "Danado de Bom", lançado em 1984, deu a Luiz Gonzaga seu primeiro disco de ouro da carreira. Outro sucesso foi a turnê "Vida de Viajante", em que rodou o país com Gonzaguinha, filho adotado recém-nascido junto com Odaléia Guedes. Por fim, "Gonzagão" se apresentou fora do país, excursionando pela Europa. Os problemas de saúde começaram em meados da década, com uma osteoporose que aos poucos reduziu sua locomoção. Com o tempo, a doença o impediu de tocar sua lendária sanfona.

   A situação se complicou com a descoberta de um câncer na próstata. Foram muitas internações até a derradeira, ocorrida em junho de 1989, no Hospital Santa Joana, no Recife. Muito debilitado, o cantor não resistiu a uma pneumonia e faleceu no dia 2 de agosto de 1989, causando comoção em todo o Brasil. Em carro aberto, o corpo desfilou pelas ruas do Recife até a base aérea da cidade, de onde partiu de volta para onde tudo começou: Exu.

   Com uma trajetória invejável, composta de aproximadamente 500 canções e 50 discos, Luiz Gonzaga foi eleito, anos depois de sua morte, o "Pernambucano do Século XX". A escultura em tamanho real que representa o cantor, produzida pelo artista plástico Demétrio Albuquerque, está localizada na região central do Recife, em frente ao Museu do Trem. Junto a obra, estão os instrumentos característicos do artista: A zabumba, o triângulo e a inseparável sanfona. 

   A coluna deste mês vai ficando por aqui. Se você curtiu, a gente te convida a conferir as edições anteriores: João Cabral de Melo Neto (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/01/poetas-de-pedra-joao-cabral-de-melo-neto.html), Joaquim Cardozo (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/04/poetas-de-pedra-joaquim-cardozo.html), Capiba (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/02/poetas-de-pedra-capiba.html), Manuel Bandeira (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/05/poetas-de-pedra-manuel-bandeira.html), Ariano Suassuna (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/03/poetas-de-pedra-ariano-suassuna.html), Naná Vasconcelos (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/06/poetas-de-pedra-nana-vasconcelos.html), Chico Science (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/07/poetas-de-pedra-chico-science.html), Ascenso Ferreira (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/08/poetas-de-pedra-ascenso-ferreira.html), Antônio Maria (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/09/poetas-de-pedra-antonio-maria.html), Carlos Pena Filho (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/10/poetas-de-pedra-carlos-pena-filho.html) e Solano Trindade (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/11/poetas-de-pedra-solano-trindade.html).

Fontes: Uol e Folha de Pernambuco.

Fotos: George Luiz / G News Blog

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