Se tivesse dedicado sua vida apenas a arte da poesia, Joaquim Cardozo já teria deixado um legado imenso, mas o recifense nascido em 26 de agosto de 1897 foi bem mais além, como a gente mostra na edição deste mês da coluna "Poetas de Pedra". Filho de José Antônio Cardozo e Elvira Moreira Cardozo, Joaquim mostrou a veia literária na fase estudantil, durante sua passagem pelo lendário Ginásio Pernambucano.
Primeiro na imprensa, editou junto com amigos do colégio o jornal "O Arrabalde: órgão lítero-elegante. Foi nele que Joaquim Cardozo publicou seu primeiro conto: Astronomia Alegre (1913). Também teve passagens por periódicos conhecidos, como Diário de Pernambuco e Diário da Tarde. Neles, trabalhou como caricaturista e chargista. Mais tarde foi para a Revista do Norte, onde atuou como ilustrador e publicou seus primeiros poemas, incluindo o mais famoso: Recife Morto, de 1924.
Paralelamente a literatura, Joaquim Cardozo cursou engenharia. Somando as inúmeras interrupções, foram quinze anos na Escola de Engenharia do Recife, entre 1915 e 1930. Ao longo desse tempo, passou por vários órgãos públicos, trabalhando em obras de engenharia por Pernambuco e estados vizinhos. Esteve a frente desde projeto de irrigação na região do São Francisco a construção da primeira rodoviária com pavimentação em concreto do Nordeste.
Voltando a atuar no mercado editorial, Joaquim Cardozo integrou a equipe da Revista Módulo, atuando na direção e no Conselho. Foi nessa passagem que conheceu o arquiteto Oscar Niemeyer, com quem construiu uma forte parceria. Antes da união profissional, no entanto, Cardozo ainda teve tempo de se dedicar a docência, sendo um dos professores da Escola de Engenharia do Recife e fundando a Escola de Belas Artes na capital pernambucana.
Em 1940, Joaquim Cardozo se mudou para o Rio de Janeiro e formou parceria com Niemeyer. Juntos, realizaram diversos projetos de arquitetura, não só na cidade como em outros estados e até no exterior. Nada tão grandioso como o desafio de participar da construção da nova capital do país: Brasília, inaugurada em 1960.Com tantos bons serviços prestados ao mundo arquitetônico, o também poeta recebeu diversas homenagens, entre elas, os títulos de sócio benemérito do Instituto de Arquitetura do Brasil (IAB-PE) e Doutor Honoriscausa, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). À instituição, inclusive, o recifense deixou sua biblioteca, com cerca de 7 mil livros. Joaquim Cardozo morreu no dia 4 de novembro de 1978, na cidade de Olinda.
Sua obra literária foi imortalizada em pelo menos dez livros: Poemas (1947), Pequena Antologia Pernambucana (1948), Signo Estrelado (1960), Coronel de Macambira (1963), De uma Noite de Festa (1971), Poesias Completas (1971), Os Anjos e Demônios de Deus (1973), O Capataz de Salema, Antônio Conselheiro, Marechal Boi de Carro (1975), O Interior da Matéria (1976) e o póstumo Um Livro Aceso e Nove Canções Sombrias (1981).A escultura em tamanho real de Joaquim Cardozo foi produzida pelo artista plástico Demétrio Albuquerque, está localizada na Ponte Maurício de Nassau, que liga os bairros de Santo Antônio e o Bairro do Recife, e faz parte do projeto "Circuito da Poesia", promovido pela prefeitura da capital pernambucana.
Fontes: Fundação Joaquim Nabuco e Cepe Editora.
Fotos: George Luiz / G News Blog

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