POETAS DE PEDRA - SOLANO TRINDADE

   O nome deste mês da coluna "Poetas de Pedra" é o maior representante da cultura afro entre todos os poetas já apresentados: Francisco Solano Trindade. Ele nasceu em 24 de julho de 1908 e era filho da doméstica Emereciana com o sapateiro Manoel, que lhe apresentou a cultura através de sua participação em atividades artísticas e folclóricas. Por incentivo da mãe, que era analfabeta, Solano se interessou pela leitura, que futuramente lhe levaria para a literatura.

   Com pouco mais de 20 anos, o recifense do bairro de São José começou a se envolver em movimentos que dava voz a cultura afro. Foi dele a iniciativa de fundar a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-brasileira, em 1936. Ambos tinham a finalidade de realizar pesquisas sobre a expressão cultural e divulgar artistas negros. Naquele mesmo ano, Solano Trindade lançou seu primeiro livro "Poemas Negros".

   Na década de 1940, Solano transitou pelo Brasil, vivendo em cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro, sempre participando de eventos de exaltação a cultura afro. É nesse período que ele lança sua segunda obra: "Poemas d'uma vida simples", de 1944. O livro recebeu crítica positiva.

   Nos anos de 1950, o escritor ampliou suas conquistas no mundo cultural brasileiro. Solano Trindade fundou o Teatro Popular Brasileiro. Inteiramente formado por estudantes e pessoas simples. Com esse grupo passou a se apresentar por todo o Brasil e até fora do país, principalmente pela Europa. Paralelamente ao trabalho com o TPB, o escritor lançou seu terceiro livro, "Seis tempos de poesia", em 1958.

   Solando Trindade era inquieto e na década seguinte migrou do Rio de Janeiro para São Paulo. Lá desenvolveu outros projetos artísticos na cidade de Embu. A revolução foi tão grande que mais tarde o município mudou de nome, se transformando em "Embu das Artes". Em 1961, saiu o último trabalho do recifense em vida: "Cantares ao meu povo". A idade fez Trindade diminuir o ritmo. Uma pneumonia encerrou a brilhante vida do artista, em 1974, no Rio de Janeiro.

   E se você curtiu a história do Solano Trindade e quiser conhecer a sua escultura em tamanho real, é muito fácil encontrá-la. A obra do artista plástico Demétrio Albuquerque está instalada no espaço dominado pela cultura afro na região central do Recife: O Pátio de São Pedro. Vale a pena conferir o trabalho.

   A coluna deste mês vai ficando por aqui. Se você curtiu, a gente te convida a conferir as edições anteriores: João Cabral de Melo Neto (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/01/poetas-de-pedra-joao-cabral-de-melo-neto.html), Joaquim Cardozo (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/04/poetas-de-pedra-joaquim-cardozo.html), Capiba (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/02/poetas-de-pedra-capiba.html), Manuel Bandeira (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/05/poetas-de-pedra-manuel-bandeira.html), Ariano Suassuna (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/03/poetas-de-pedra-ariano-suassuna.html), Naná Vasconcelos (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/06/poetas-de-pedra-nana-vasconcelos.html), Chico Science (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/07/poetas-de-pedra-chico-science.html), Ascenso Ferreira (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/08/poetas-de-pedra-ascenso-ferreira.html), Antônio Maria (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/09/poetas-de-pedra-antonio-maria.html) e Carlos Pena Filho (http://gnewsblog2.blogspot.com/2020/10/poetas-de-pedra-carlos-pena-filho.html).

Fonte: Livro "O Poeta do Povo" (Cantos e Prantos Editora, 1999), de Raquel Trindade. 

Fotos: George Luiz / G News Blog 

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