OPINIÃO: POLÍCIA - RUIM COM ELA E PIOR SEM ELA, OU SERÁ O CONTRÁRIO???

   Quando tomei conhecimento do terrível crime cometido por um soldado da Polícia Militar de Pernambuco, na manhã do último domingo (30), fiquei embasbacado, assim como muita gente. Fiz a mim mesmo a pergunta que muitos se fizeram: “Se um PM faz o que faz com um colega de farda, imagine o que não pode fazer com qualquer um de nós? Acabei então me lembrando de um fato recente que aconteceu comigo, envolvendo agentes da Polícia.

   Em meados de março ou abril deste ano, não me recordo bem, dei uma passadinha na Livraria Cultura do Paço Alfândega, no centro do Recife. Passava das 19h, creio eu. Decidi me sentar à beira do Rio Capibaribe, pra aguardar o trânsito na Rua do Imperador (Que é caótico naquela região no início da noite) dar uma baixada. O local, assim como qualquer outro ponto da cidade, é bem movimentado, exigindo um policiamento mais forte. Até aí nenhum problema, é até bom.

   Só que como é de conhecimento público também, alguns jovens se reúnem as margens do rio para fumar maconha (Não adianta a gente fechar os olhos para a realidade). Muito bem, estava eu tranquilamente, lendo um livro que acabará de comprar, quando chegou um grupo de policiais, aproximadamente cinco, e de forma ríspida, extremamente ríspida, ordenaram que eu colocasse as mãos na cabeça. Assim o fiz.

   Foram três minutos de ironia (desnecessariamente), que pareciam buscar o fim da minha paciência pra falar uma besteira e eles terem, de fato, um bom motivo para me prenderem. Graças a Deus, consegui ficar tranquilo, afinal, vi que não valeria à pena. Melhor ser humilhado por três minutos que ser conduzido a uma delegacia, quiçá a um presídio, e ter a imagem denegrida por mais tempo. Lembro de um ter me perguntado o que eu fazia. “Acabei de sair do trabalho”. Já p... com tanta desconfiança, soltei uma ironia também: “Sou trabalhador”. Segurando minhas mãos (Ainda na cabeça) e chacoalhando meus bolsos, o PM retrucou: “Aqui tá cheio de trabalhador”. O sangue subiu pela cabeça e eu contei até três.

   Ao fim da sessão de tortura psicológica, espumando de raiva, pensei comigo mesmo que não acreditava mais na instituição. Esta certeza voltou no domingo. Ora, até que se prove o contrário, todos somos inocentes, mas a má preparação destes homens impede que eles respeitem a regra essencial de um julgamento. O governador Paulo Câmara prometeu mais investimentos (Quem acredita? já foram tantas as promessas). A preparação é “xula”. Em menos de um ano, um agente passa pelo teste de seleção, treinamento, “estágio” e é jogado a própria sorte nas ruas (Posso falar com conhecimento, pois tenho amigos que estão na corporação e passarão aproximadamente este tempo para entrarem em atividade).

   O soldado Flávio Oliveira da Silva, segundo noticiado, já tinha problemas de comportamento, mas a corporação fez vista grossa. O resultado está aí, a olhos múltiplos: A família do cabo Adriano Batista que chore seu morto; O soldado que certamente será expulso da PM e só Deus sabe o que será do seu futuro (Geralmente tendem a “virar a casaca” e passar pro outro lado); E nós que fiquemos com a sensação de que um policial como esse, com uma pistola na mão, pode ser tão perigoso quanto um bandido.

   Façamos o seguinte: Tomemos cuidado nas nossas vidas, cuidado com os bandidos, com os policiais e principalmente com a justiça. Vamos comprar uma cadeira bem confortável e esperar pelas mudanças que o Governador prometeu.

Imagem: Montagem / G News Blog

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