WANDERLEY MORRE, WANDO SE ETERNIZA!

“Homem inteligente, Wando... Homem bonito, Wando... Homem colecionador de calcinhas, Wando”. A fala que abriu a matéria foi interpretada por Cláudia Jimenez, na pele da empregada Edileuza do Programa “Sai de Baixo”, exibido pela Rede Globo de 1996 a 2002. Assim como a atrapalhada doméstica, uma legião de fãs tinha no cantor a imagem do amante perfeito.



Considerado por muitos um marqueteiro que soube vender seu peixe, sendo capaz de transformar o palco num completo quarto de motel, capaz de distribuir calcinhas e sortear entradas para casas de diversão, Wando ganhou popularidade e respeito. O curioso disso tudo é que, em nenhum momento, suas canções ganharam tom pejorativo ou apelativo, sempre mantendo a qualidade das letras e melodias.

Wanderley Alves do Reis nasceu em Cajuri, Minas Gerais, no dia 2 de outubro de 1945. Viveu a infância e o princípio da juventude entre a cidade natal e Juiz de Fora. Estudou violão e traçou o seu objetivo junto à música. Decidido a arriscar, foi para Rio de Janeiro, passando antes por São Paulo. Lá chegando, trabalhou como caminhoneiro, feirante e, nas horas vagas, tocava em conjuntos nas casas de shows de Volta Redonda.

Numa dessas casas, onde se apresentava, Wanderley foi apresentado ao cantor Jair Rodrigues. Já consagrado, o “cachorrão” gravou uma canção do jovem artista “O importante é ser Fevereiro”. A música virou sucesso e o compositor ganhou os holofotes. Outros grandes ídolos gravariam suas canções.

O primeiro dos 28 discos do cantor, “Glória a Deus e Samba na Terra”, foi lançado em 1973. Entre os grandes sucessos, que alavancaram Wando para a consagração, estão “Moça” e “Chora Coração”, a segunda, entrou na trilha sonora da novela “Roque Santeiro”, um dos maiores êxitos da dramaturgia brasileira. “Fogo e Paixão” é outro destaque do artista nos anos 80.

A década de 90 foi de estabilidade, porém, a pitada de sexualidade estava expressa em cada título dos trabalhos do artista. Veio à moda da calcinha. Mulheres jogavam peças usadas. Num determinado momento, Wando promovia a troca de um acessório novo, com direito a sua marca e tudo, por uma calcinha usada, muitas vezes, tirada na hora pelas mais avoadas. A mania virou o forte do cantor.

Depois de 40 anos de carreira, mais de 10 milhões de discos vendidos e ter nome consolidado entre os artistas mais queridos do país – apesar de ser tido como brega por uma parcela da crítica brasileira – Wanderley Alves morreu na manhã desta quarta-feira (8), no Hospital Biocor, em Nova Lima, naquele mesmo estado onde deu os primeiros passos. Após passar 12 dias internado, por problemas no coração, o músico foi submetido a cirurgias, esteve no CTI sob a confiança da recuperação, por parte dos médicos, e por fim, foi vítima de um infarto que interrompeu sua carreira de sucesso.

O corpo de Wanderley Alves, de 66 anos, será enterrado amanhã, quinta-feira (9), no Cemitério Bosque da Esperança, em Belo Horizonte. O velório está sendo aberto ao público e os familiares estimam uma visitação de pelo menos 10 mil admiradores.

Aí, o caro leitor se pergunta o porquê de nós nos referirmos à morte do Wanderley Alves dos Reis. A resposta é simples e direta: Depois de 40 anos de carreira, mais de 400 músicas cantadas, quase trinta discos lançados e um público tão cativo, podemos dizer que o Wanderley deixou de existir, o Wando jamais.

Confira a discografia de Wando:
Glória a Deus e Samba na Terra (1973), Wando (1975), Porta do Sol (1976), Ilusão (1977), Gosto da Maçã (1978), Gazela (1979), Bem-Vindo (1980), Pelas Noites do Brasil (1981), Fantasia Noturna (1982), Coisa Cristalina (1983), Vulgar é Comum é Não Morrer de Amor (1985), Ui-Wando Paixão (1986), Coração Aceso (1987), O Mundo Romântico de Wando (1988), Obsceno (1988), Dor Romântica (1989), Tenda dos Prazeres (1990), Depois da Cama (1992), Mulheres (1993), Dança Romântica (1995), O Ponto G da História (1996), Chacundum (1997), Palavras Inocentes (1998), S.O.S de Amor Ao Vivo (1999), Picada de Amor (2000), Fêmeas (2001), O Melhor de Wando Ao vivo (2002), Romântico Brasileiro, Sem Vergonha (2005).

Comentários