Recife é uma cidade histórica!!! Tanto pelos fatos históricos que aqui ocorreram quanto pela sua arquitetura. Dar um passeio pela capital pernambucana é quase sempre revisitar o passado. Ainda que muitas vezes mal cuidados, os equipamentos públicos nos levam pelo tempo. A nova série de postagens que começa neste mês, e vai até o fim do ano, te leva para conhecer as praças mais icônicas da cidade. Abrindo os trabalhos com chave de diamante (Nem de ouro é): A Praça "Chora Menino"...
A praça tem origens curiosas, que passam pela História do Brasil e acabaram ganhando contornos sobrenaturais. Estima-se que no século 19, o local onde está instalada a "Chora Menino" tenha sido palco de uma chacina de soldados rebelados durante a "Setembrizada". O movimento havia surgido do descontentamento com o poder exercido pelos portugueses após a renúncia de Dom Pedro I, em 7 de abril de 1931. A "Setembrizada" ocorreu entre 14 e 16 de setembro daquele ano e pedia o retorno do imperador. O levante terminou em confronto com os homens do presidente da então província, Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos, e resultou em 300 mortos e 800 presos.
A partir deste fato, surge a parte sobrenatural da estória: Pessoas diziam ouvir choro de crianças na região. Reza a lenda que as lamúrias seriam de filhos que morreram ou tiveram os pais mortos no "massacre". Uma segunda versão dá conta de que o choro seria de filhos de escravas, que sem ter como serem mantidas pelas mães, eram mortas e enterradas no local que atualmente abriga a praça. E, calma, ainda tem uma terceira versão: O espaço teria sido usado por bruxas para sacrificar crianças.
Em seu livro "Assombrações do Recife Velho", publicado em 1955, Gilberto Freyre levantava uma hipótese palpável e mais realista sobre som de choro ouvido na região. De acordo com o escritor e sociólogo, o choro seria sons emitidos por sapos que viviam em capinzais ou próximo aos lagos que existiam na região antes da urbanização.
Óbvio que diante de tamanha lenda, a "Chora Menino" receberia alguma alusão a estória, tanto que existe uma escultura de uma mãe segurando o que seria seu filho nos braços. A praça foi inaugurada no bairro do Paysandú em 25 de maio de 1924 e já passou por várias reformas, sendo a mais recente em 2008.
Bem, tirando a parte macabra da "Chora Menino", o resto é beleza. Muito verde, clima agradável proporcionado pelas árvores e arbustos, espaço para as crianças brincarem, equipamentos de iluminação e bancos em ordem, e local para estacionamento de veículos. O passeio por ela é um bom programa para a família.
Com essa visão da estátua que simboliza do nome da Praça Chora Menino, a gente conclui a primeira edição da "Praças Recifenses". Curtiu?? Quer sugerir alguma outra praça com uma história legal para a gente contar?? É só entrar em contato pelos nossos canais digitais. Teremos muito prazer em apresentá-la nesta coluna. Voltaremos em fevereiro com mais um passeio histórico. Até lá!!
Fotos: George Luiz / G News
Fonte de base para o texto: Diário de Pernambuco
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