OPINIÃO: BRASIL ACIMA DE TUDO, DEUS ACIMA DE TODOS E AMBOS MORRENDO DE VERGONHA

   Lembro-me de uma frase dita por um sargento durante minha passagem pelo Exército, lá pelos idos de 2002. Estávamos ensaiando para um desfile do Dia do Soldado enquanto recebíamos instruções dos militares mais antigos. Um deles, bem "loucão", falava pra gente: "Peguem forte nos fuzis... batam com força!! Quando as mulheres veem a energia da pegada, elas sentem um desejo doido de serem espancadas". Naquele momento achamos engraçada a colocação... Éramos jovens e inocentes demais para entender aquela dissertação "pesada". 

   Iniciei com essa breve estória para analisar como a questão da violência contra a mulher estava presente desde sempre e sequer nos tocávamos. Com o bombardeio de informações e de discussões ao longo de vinte anos, além do empoderamento das mulheres nas últimas duas décadas, as coisas mudaram e melhoraram. É claro que não melhorou a ponto de evitarmos as cenas repugnantes presentes no vídeo que ganhou repercussão nacional nesta semana (Se tiver estômago, assista abaixo)...


   Nas imagens, o procurador de Justiça Demétrius Oliveira Macedo agride com socos e chutes a colega da comarca de Registro, em São Paulo, Gabriela Samadello Monteiro de Barros. O crime aconteceu na segunda-feira (20). Outras duas mulheres tentam conter a fúria do homem, mas sem sucesso. O caso terminou com a prisão preventiva de Demétrius, na última quinta-feira (23). Apesar de um breve respiro de alívio, sabemos que as chances dele permanecer preso por muito tempo são bem remotas. O que ainda joga a favor de Gabriela é o fato de, sendo uma servidora da Justiça, imagina-se que ela tenha ao seu dispor algum dispositivo de proteção, como seguranças, por exemplo. 

   O vídeo do caso de Registro nos faz refletir sobre o que milhares de mulheres passam diariamente sem terem uma câmera para provar as agressões e a chance de gritar por proteção (e ter essa proteção). Números do levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, publicado em março deste ano com base os boletins de ocorrência dos 26 estados e do Distrito Federal, apontaram que em 2021 foram registrados 56.098 casos de estupro e 1.351 de feminicídio. A pergunta que fica é: O que as mulheres que não têm os mesmos privilégios da procuradora-geral de São Paulo podem fazer??

   Reforçamos duas dicas: Uma é o Disque 180, voltado para denúncias de violência doméstica. O serviço telefônico funciona 24 horas e é gratuito. A outra é procurar uma unidade da Delegacia da Mulher. Confira contatos de unidades por todo o Brasil pelo link http://gnewsblog2.blogspot.com/2021/08/prestacao-de-servico-delegacia-da-mulher.html?m=1

Vídeo: Reprodução

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