Havia muito tempo que este ser que vos fala não prestava um Exame Nacional do Ensino Médio: Uma década no mínimo. Com uma vontade de testar os conhecimentos e de lambuja abocanhar uma vaguinha para uma segunda formação acadêmica, me inscrevi para participar do Enem 2020. Fazendo tudo certinho (como manda o figurino) chego ao primeiro dia de provas. De cara percebi uma presença pequena de candidatos. A noite, no balanço do Inep junto com o Ministério da Educação, saiu a taxa de abstenção: 50,5%. Não era uma desconfiança minha, realmente havia uma evasão na minha sala.
No segundo domingo, uma certeza já tinha em mente: Quem achou que não se saiu bem na primeira parte nem vai se dar o trabalho de fazer a segunda. Foi dito e feito: A sala de aplicação tinha metade da ocupação da semana anterior. Ao final do dia, o anúncio de um novo recorde: A abstenção chegou a 55%. Concluindo: De 5,8 milhões de inscritos para fazerem as provas, menos da metade de fato realizou o exame. Vamos levar em consideração que muitos não fizeram por estarem doentes e outra parcela não pode fazer em função dos episódios de salas lotadas e provas suspensas, como no Amazonas.
Óbvio que a pandemia teve grande participação nestas abstenções recordes, mas o que lembro de ter me chamado mais atenção (E aqui está a visão de quem estava lá dentro) foi a fiscal entregando as provas chamando candidato por candidato. Ao final da entrega, um "bolo" de provas permanecia sobre a mesa dos fiscais. Eu me perguntava: Quanto dinheiro está investido nessas provas e foi perdido em um momento tão crucial para a gestão pública?? Detalhe: Isso pensando na impressão das provas (Páginas, cartões de respostas, cadernos de cálculos e folhas de rascunho), sem contar a logística para execução do Enem 2020. Uma fortuna.
A gente vai deixar aqui o link do Portal da Transparência, para que você, amigo leitor, possa conferir os custos de execução do exame em 2020 (Assim que forem publicados): http://www.portaltransparencia.gov.br/programas-de-governo/11-enem?ano=2019. É bom frisar que houve um gasto extra para aquisição de materiais de proteção para aplicadores e candidatos. Ainda assim, muita "grana" foi embora pelo ralo com a simples decisão de aventureiros em se inscrever e não estarem presente no dia da prova. Dinheiro esse que poderia ajudar em tanta coisa, como a compra de vacinas e insumos para enfrentar a pandemia, por exemplo.
Não que haja uma falta de bom senso em reconhecer o medo das pessoas em participar das provas tendo em vista que a situação da pandemia ainda é complexa e exige cuidados. Trata-se apenas de uma observação de quanto se investe em um programa e qual o retorno dele para a sociedade de um modo geral. De repente a gente também se pega pensando: será que o MEC e o Inep não poderiam ter evitado esse resultado jogando o exame mais para frente?? É difícil saber!!
É triste ver o que foi visto e é uma lição que teremos a ousadia de ensinar. Se acha que não tem condições de enfrentar mais de dez horas de provas, melhor nem se inscrever. Também é possível aderir ao Enem digital, que neste seu primeiro ano deve reunir 90 mil inscritos. Parece utópico dizer "Tenha cuidado com o dinheiro dos seus impostos" quando estamos num país que muitos representantes são os primeiros a "avacalhar" o sistema. Enfim, um pouco mais de consciência nuuuunca vai fazer mal a ninguém. Por mim, por você, POR TODOS NÓS!!!
Foto: Montagem / G News Blog
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