VOCÊ SABIA?? ED. 03/2019

   A coluna desse mês é especial para aqueles leitores que têm cerca de 25 anos: Você sabia que antes do Real, as cédulas de dinheiro no Brasil tinham imagens de personalidades políticas ou do cenário cultural estampadas?? Da década de 1940 até 1993, passando pelos diversos planos econômicos, personagens históricos da nossa história ilustraram as cédulas.

   Como todo mundo sabe, as cédulas de dinheiro que circulam por todo o Brasil são fabricadas pela Casa da Moeda, instituição que fica no Rio de Janeiro, sob coordenação do Banco Central do Brasil, que também é responsável pela distribuição. O "G News" separou algumas imagens para ilustrar a matéria (P.S. As fotos não são extraídas da internet. São digitalizações de cédulas reais).

   As imagens abaixo são de cédulas de "Cruzado", que circularam entre os anos de 1986 e 1989. No destaque estão Oswaldo Cruz, Juscelino Kubitschek, Heitor Villa Lobos, Machado de Assis e Cândido Portinari. Em algumas notas, o homenageado apareceu na frente e no verso da cédula, fazendo alusão ao seu campo de atuação:

   Oswaldo Cruz foi um médico brasileiro que atuou nas áreas de bacteriologia e epidemiologia, fundando, inclusive, uma instituto batizado com seu nome. Também foi membro da Academia Brasileira de Letras. Morreu no Rio de Janeiro, em 1917. Ele foi o destaque das notas de 50 cruzados. 

    O ex-presidente Juscelino Kubitschek também ganhou "menção honrosa" na cédula de 100 cruzados. Mineiro, ele começou a carreira como médico, se dedicando posteriormente a política. Exerceu cargos eletivos no seu estado antes de chegar a presidência da República. Seu governo ficou marcado pela fundação de Brasília, para onde transferiu da sede do Governo Federal, que antes ficava no Rio de Janeiro.


   Heitor Villa Lobos ilustrou a nota de 500 cruzados. Maestro e compositor brasileiro, Villa Lobos é um dos maiores expoentes da música clássica brasileira e latino-americana. Além de maestro, ele também era multi-instrumentista, compondo mais de mil obras. Villa Lobos morreu em 1959, no Rio de Janeiro.


   Criador do "Realismo Brasileiro" na literatura, Machado de Assis foi impresso nas cédulas de 1 mil cruzados. Carioca e nascido em junho de 1839, Machado também foi jornalista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo. É considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira em todos os tempos. Entre suas obras, está o clássico "Memórias Póstumas de Brás Cubas". O escritor morreu em setembro de 1908. 


      As notas de 5 mil cruzados ganharam a imagem do artista plástico brasileiro Cândido Portinari. Admirador da arte de Pablo Picasso, o paulista também se dedicou a arte da ilustração. Sua fama no Brasil o levou a produzir quadros em várias partes do mundo, inclusive para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Portinari morreu em 1962.


   Um detalhe a ser comentado: Algumas imagens foram reutilizadas no plano econômico que viria na sequência: O Cruzado Novo. Desta nova fase econômica do país, destacaremos três figuras e uma que é bem familiar para as novas gerações. O Cruzado Novo circulou pelos bolsos brasileiros entre 1989 e 1990:

   O poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade figurou nas notas de cinquenta cruzados novos. Ele foi um dos maiores nomes do "Modernismo" brasileiro e também exerceu a função de cronista. Carlos Drummond morreu no Rio de Janeiro em 1987.
  


   As notas de 500 cruzados novos receberam a imagem do Patrono da Ecologia no Brasil, Augusto Ruschi. Ele nasceu no Espírito Santo e foi um dos maiores naturalistas do país, tendo se dedicado às plantas e aos pássaros, ganhando inclusive o título de "Homem dos Beija-Flores". Lançou livros sobre os temas, chegando a ganhar o Prêmio Jabuti. Ele morreu em 1986.


    E olha ela aí, a icônica figura que ilustra as cédulas de Real já passeava pelas nossas mãos desde o início dos anos 1990. Ela foi utilizada nas notas de cruzados novos e reutilizadas no plano econômico criado na sequência: O cruzeiro. Com esse nome, o dinheiro brasileiro circulou de 1990 a 1993.


   Cecília Meireles foi uma professora que também transitou pela poesia, jornalismo e artes plásticas. Foi um dos maiores nomes femininos da literatura brasileira. Lançou seu primeiro livro de poemas aos 18 anos, chamado "Espectros". Foram dezenas de obras produzidas entre 1919 e 1964, ano de sua morte.


   As notas de 1 mil cruzeiros receberam a imagem do Marechal Cândido Rondon. Sertanista e militar, ele foi o idealizador do Serviço de Proteção ao Índio. O trabalho junto ao povo indígena foi reconhecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que lhe concedeu o título de "civilizador dos sertões". O nome do estado de Rondônia foi uma homenagem ao marechal.
   

    Antônio Carlos Gomes foi retratado nas cédulas de 5 mil cruzeiros. Ele é considerado o maior compositor de ópera do Brasil, tendo entre seus clássicos "O Guarani", inspirado no romance escrito por José de Alencar. A ópera fez muito sucesso no país e fora dele. Carlos Gomes também recebeu o título de "Maior Compositor Lírico das Américas". Ele morreu em Belém, no Pará, em 16 de setembro de 1896.


    O mineiro Vital Brazil Mineiro da Campanha foi um médico, cientista e pesquisador biomédico do país. Ele foi o homenageado nas notas de 10 mil cruzeiros. Viveu em 1865 e 1950, sempre se dedicando a saúde pública. Liderou frentes de pesquisas para combate de epidemias que atingiam o Brasil entre o final do século XIX e início do XX. Após receber a patente do soro antiofídico, Vital a doou para o governo brasileiro. Foi idealizador dos Institutos Vital Brazil e Butantan, que se tornaram referência no investimento em pesquisas e produção de medicamentos.
  

   O cruzeiro ainda ganhou uma nova denominação: Cruzeiro Real, que vigorou entre os anos de 1993 e 1994. Nessa época, alguns nomes ilustres chegaram a ser impressos nas notas, como Mário de Andrade e Anísio Teixeira. Também houve homenagens aos gaúchos e ao baianos, representados por figuras simbólicas. Desde 1 de julho de 1994, a moeda corrente do Brasil é o Real e a imagem da Efígie da República está presente nas células de todos os valores.

Fotos: Reprodução / Banco Central do Brasil

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