OPINIÃO: A REGRESSÃO ARTÍSTICA DO BRASIL

   Acompanhando a "cachorrada" que virou a suposta briga entre Carlinhos Maia e Whindersson Nunes (Digo suposta porque vindo de duas pessoas oriundas de uma geração que tenta capitalizar tudo que pode, a tal briga pode ser facilmente um "showzinho" pra atrair atenção e "likes"), cheguei a conclusão de quão medíocre está a juventude do Brasil nos tempos de rede social.

   Até um dia desses, ambos eram "muy amigos", dividindo stories no Instagran, participações mútuas nos canais do You Tube e parceiros em um programa de tevê que, até agora, só ouvi falarem mal, devido a falta de "graça" da tal produção. De uma hora pra outra, um virou a cara pro outro e começaram a trocar farpas pelas redes sociais (Claro, diante dos olhares atentos de milhões de acéfalos que passam 24 horas com a cara no celular vendo suas respectivas futilidades).

   Mas aí você, amigo leitor, há de me questionar: O que esta introdução tem haver com o título?? A resposta vem a seguir. A nossa cultura chegou a um nível tão baixo (Em se tratando do que agrada a massa), que vemos duas pessoas que acrescentam muito pouco ou quase nada a sociedade recebendo uma atenção gigantesca que "artistas de verdade" não conseguem ter. 

   Ao longo das décadas, presenciamos brigas midiáticas que eram utilizadas pela imprensa para vender revista, jornal, aumentar audiência dos programas de televisão e etc. E não falo só de artistas, esportistas e políticos também. Mas eram acontecimentos elegantes, farpas inteligentes (Fruto de uma sociedade extremamente mais crítica que a de agora).

   A mais lendária "lavagem de roupa suja" que o Brasil conheceu no seu "Showbiz", sem dúvida alguma, foi entre os cantores Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. PERGUNTE A ALGUM JOVEM DE AGORA SE SEQUER OUVIRAM FALAR DELES. Pode até ser que se interessem pelo casal se por um acaso do destino Anitta ou Pablo Vittar gravarem alguma das muitas pérolas produzidas por esse "Pega pra capar" (Como se fala aqui no Nordeste).

   Ícones dos anos 50, na era de ouro do rádio, Dalva e Herivelto foram casados por mais de dez anos, até que o rapaz se engraçou por uma moça chamada Lurdes e decidiu por um fim na relação. Além da parceria na vida, havia uma parceria artística: Ele compondo e cantando e ela apenas cantando (O que já era um talento do outro mundo). Ambos fizeram parte do grupo "Trio de Ouro" e juntos tiveram dois filhos: Pery Ribeiro, falecido em 2012, e Ubiratan Oliveira Martins.

   A separação ocorreu em 1949 e o repertório de ambos, que já era vasto e sensacional, ficou ainda mais "encorpado". Sozinha, Dalva foi amparada por grandes compositores, como Ataulfo Alves, e lançou "Tudo Acabado" em 1950. Eram letras que, comparadas com os acontecimentos entre eles, pareciam recados que um jogava para o outro. Então ela lançava uma canção e ele logo em seguida fazia outra, meio que respondendo a música dela... Assim foi por anos.

   Para se ter uma ideia, dessa discussão em público saíram clássicos como "Calúnia", "Falso Amigo", "Palhaço" e "Que Será", com trechos que diziam mais ou menos assim: "Meu amor, ninguém seria mais feliz que eu, se tu voltasses a gostar de mim, se teu carinho se juntasse ao meu...Eu errei, mas se me ouvires me darás razão, foi o ciúme que se debruçou, sobre o meu coração". Sobre as estórias do casal, deixarei como dica o livro "Minhas Duas Estrelas", escrito por Pery Ribeiro e lançado há cerca de uma década. Vale a pena conferir. 

   Para concluir a coluna desse mês, volto a comparar esses embates do passado e do presente (Não estamos comparando a importância dos envolvidos - Até porque não há comparação possível entre eles). Lá atrás tivemos Dalva e Herivelto, agora temos Carlinhos e Whindersson (Perceba o tamanho da regressão!!!). Mas enfim, o que passou, passou (E deixou lindas heranças), e o que acontece entre as "subcelebridades" do momento, com amplo respaldo da nova juventude, simplesmente se resume a popular frase de rede social: É O QUE TEM PRA HOJE!!!     

Foto: Montagem / G News Blog

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