Essa cena acima eu vi acompanhado do meu pai no dia 1º de maio de 1994. Quando você tem dez anos, há duas coisas que você ainda não entende muito: A morte e a comoção diante da partida de uma pessoa pública. Há 25 anos descobri tudo isso. Acredito eu que, no Brasil, jamais se viu, em um passado recente, um luto tão grande diante da morte de uma personalidade. Não era pra menos: Tratava-se de Ayrton Senna da Silva.
Lembro-me de assistir constantemente as corridas de Fórmula 1, exatamente devido a nossa representação brasileira de peso. Meu pai religiosamente em todo domingo de Grande Prêmio ligava a tevê para acompanhar. No momento da batida, estávamos ligados e me recordo que a batida era forte, mas até então não tínhamos a dimensão do que acabava de se suceder. Era, a princípio, um acidente comum aos campeonatos de velocidade (Já haviam ocorrido outros dois nos treinos para o GP de San Marino).
Eis que após a transmissão da corrida, começaram as entradas ao vivo do temido "Plantão da Globo" com notícias cada vez piores (Na verdade uma espécie de preparação, pois há quem afirme que o piloto deixou a pista já sem os sinais vitais). Coube a Roberto Cabrini a missão de dar a cacetada final na cabeça dos fãs do automobilismo brasileiro: Morre Ayrton Senna da Silva. Como disse anteriormente, com 10 anos você não entende muito o que a morte significa (Você não liga muito pra ela).
O que se seguiu nos dias seguintes foram as notícias do embalsamamento do corpo e a preparação para o retorno ao Brasil. A chegada e os funerais renderam horas e horas de transmissão (Em uma época em que nosso contato com o mundo exterior se limitava apenas a televisão aberta). O "Tema da Vitória", que por si só já tem uma carga emotiva gigantesca, ao fundo das tristes imagens, ajudou a fazer o mais duro dos marmanjos chorar. Pois bem, foi o que aconteceu com meu pai.
Assim foi o cortejo do aeroporto para o velório e do velório para o enterro, no Cemitério do Morumbi. Dias e dias de olhos marejados, além do sentimento de luto por todo lado. Era um estranho (Do ponto de vista físico), mas era o cara que trazia alguma alegria em tempos tão sombrios no Brasil do início dos anos 90. Hoje sabemos o porque da comoção: Todos sabiam que ali era o fim de uma maravilhosa era, composta por 11 temporadas, 161 Grandes Prêmios, 65 poles positions e 41 vitórias, sendo 19 de ponta aponta (Sem perder a liderança em nenhuma das voltas).
De lá pra cá, o Brasil nunca mais fez um grande ídolo na Fórmula 1. Rubinho Barrichello, que já corria na época do Senna, não progrediu. Felipe Massa parecia que ia, mas no meio do caminho deu marcha ré. Nem mesmo Bruno Senna, sobrinho de Ayrton, conseguiu elevar novamente o Brasil na categoria. Há 25 anos, a Fórmula 1 perdeu o brilho no país. Há pelo menos 5, não temos nenhum representante na competição.
A quem ainda o viu na pista, ficam as lembranças do ser humano e do esportista grandioso que foi...Aos que vieram depois, cabe apenas cultuar o mito heroico do esporte em que Ayrton se transformou. Entre eles, estão os que mantém os sonhos de Senna vivos, através do Instituto que leva seu nome. Deixamos aqui o link para que você possa conhecer mais da Organização Não Governamental (E quem sabe contribuir): https://institutoayrtonsenna.org.br
Vídeos: Extraídos do YouTube
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