20 ANOS SEM MAMONAS ASSASSINAS

   Aquela manhã de domingo, dia 2 de março de 1996, começou triste aqui no Recife. Era um dia de chuva e eu, no auge dos meus 12 anos, acordara mais cedo pra passear na praia de Boa Viagem, na zona sul da cidade. Ainda não tinha visto televisão e junto com meus primos, recebemos lá, através dos rádios, a notícia que parava o Brasil naquele fatídico dia: O grupo Mamonas Assassinas havia desaparecido.

   Sim, o desaparecido já era em função da morte de todos. O acidente ocorrido naquela madrugada havia dizimado, de uma só vez, os cinco integrantes da banda que havia movimentado rádios e televisões do país no ano anterior. A comoção tinha a mesma proporção da surpresa com que cada pequeno fã recebia a notícia. Eram todos jovens, cheios de vida e com um futuro promissor (Isto é mais difícil de definir), já que o mercado fonográfico já caminhava para fase da pirataria desenfreada.

   Aquele dia aqui no Recife estava escuro, chovia muito e todos ficávamos atônicos, dentro de casa, acompanhando a transmissão das últimas informações e do resgate dos corpos. Eram cenas terríveis, lembro do helicóptero retirando um a um os corpos, tão dilacerados pela violência da queda, que pareciam pequenas trouxas de roupas. A tristeza tomou conta do meu espírito menino por alguns dias, até perceber que nada faria os garotos de Santos voltarem.

   O legado, o único disco lançado pela EMI, virou artigo obrigatório para os garotos da minha escola. Outros lançamentos póstumos vieram na sequência, mas não superaram o sucesso do álbum de estreia. 20 anos depois, a impressão que tenho é que cada vez que a música maluca deles tocar, um pouco da minha adolescência vai voltar. Valeu por tudo, meninos, mesmo que há 20 anos não estejam presentes. 

Foto: Divulgação

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