Nasci em São Paulo e passei a morar no Recife, em função de toda minha família ser da cidade. Meu pai havia partido pra "Sampa", como todo nordestino nos anos 80, em busca de oportunidades e vida melhor. Minha mãe também partiu junto e lá eu nasci. Passei minha vida inteira sonhando em voltar a minha terra e acabei passando primeiro pela "Cidade Maravilhosa". Em março deste ano conheci o Rio de Janeiro. Peguei a cidade em meio a preparação dos jogos olímpicos, um canteiro de obras, ainda assim, com toda beleza natural intacta.
Muito mais que a emoção de conhecer um lugar que passei a vida inteira vendo pela televisão (A Rede Globo é a maior vitrine da cidade), fiquei a me questionar, uma vez que as primeiras notícias de que "O Rio de Janeiro está quebrado" já pipocavam nos meios de comunicação. A primeira pergunta que me veio foi: "Como conseguiram destruir uma cidade tão linda dessa forma?"
Enquanto passeava pela cidade nos ônibus, observava as pessoas simples, trabalhando em qualquer atividade para sobreviver diante de uma crise tão violenta. Todos tinham a mesma característica: Eles sorriam, brincavam e eram felizes. O problema, como sempre, está na hora de encarar a urna eletrônica. E é aí que todos pagam seus pecados, cometidos diante do aparelho. Mas quem pode ajudar? Só eles mesmos.
Se eu voto num partido há anos, décadas, e vejo a cidade indo de mal a pior, porque não posso me prometer: "Nunca mais voto em ninguém deste partido"? Porque não partem para o novo, por mais bizarro que ele possa ser? Surpresas acontecem e, de repente, aquele que você menos imagina é o salvador da pátria. Uma sucessão de péssimas escolhas, somada a falta de rigor no cuidado com a máquina pública e a impunidade com quem comete delitos está tirando o brilho da cidade.
Os jogos estão aí. Durante três semanas, a cidade estará na mira do restante do planeta e todo cuidado está sendo tomado, inclusive contra terroristas, mas e depois?? Quando os holofotes virarem para o outro lado, o que acontecerá? A cidade vai voltar para o abandono? Para o descaso? Os cariocas precisam acordar para a realidade e já acordar para a vida nas eleições de outubro. Tirar as velhas raposas, mesmos que estas lhe prometam "mundos e fundos".
O Rio de Janeiro pode sair dessa situação degradante, mas precisa mexer no "X" de todo o problema: A Gestão. Todo o resto pude comprovar que a cidade tem nas mãos. É só permitir mudar. Espero voltar a cidade e vê-la no caminho certo novamente, ainda que alguns pontos sejam difíceis de melhorar a curto prazo.
Foto: George Luiz / G News Blog
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