ANOS 90: NA NOSSA FRENTE SÓ VOCÊ

A segunda década do SBT no ar começou dando sinais de que seria brilhante, já no início dos anos 90. Com a casa arrumada, iniciou-se a segunda parte do trabalho de estruturação. Livre das dívidas que contraiu para a implantação da rede, Sílvio Santos começou a investir num local onde concentraria toda a empresa: O Centro de Televisão da Anhanguera, em Osasco. Com prejuízos incalculáveis, causados por constantes enchentes que , vez ou outra, atingiam os estúdios da Vila Guilherme, a emissora perdeu parte de sua história, com isso, a construção da nova sede se fez mais que necessária.

Novas contratações foram feitas e novos programas surgiram, assim, começavam a entrar na guerra pela liderança. O SBT, nessa época, via outra concorrente se aproximando cada vez mais: A Rede Manchete. Ao contrário da TV de Sílvio, a Manchete investiu pesado numa programação de alto nível. Com o tempo, a audiência começou a responder, prejudicando o popularesco da emissora paulista.

Sílvio Santos continuava o mesmo, mantendo uma programação, com cerca de 10 horas, no domingo, mesclando vários quadros de sucesso, como: A Porta da Esperança, O Pião da Casa Própria, entre outros, sempre usados como forma de alavancar a venda dos carnês do Baú. Um programa, porém, marcou a década de 90 para Sílvio: O “Topa Tudo por Dinheiro”. Uma atração repleta de brincadeiras, prêmios e dinheiro, muito dinheiro. Deu-se início a febre das câmeras escondidas no Brasil, levando ao estrelato Ivo Holanda. Nesse programa, também, se imortalizou o bordão preferido do auditório: “Quem quer dinheiro?”

Apesar de tentar se candidatar à presidência da república, sem sucesso, Sílvio apostou na sua popularidade para ganhar terreno na política, também se candidatando à prefeitura e ao governo de São Paulo, o que também não aconteceu. Um problema nas cordas vocais quase tirou o animador do ar. Nesse mesmo período, a Rede Globo tentou contratar a peça principal do SBT no futuro, Gugu Liberato. O contrato chegou a ser assinado e Sílvio, num ato desesperado, foi até Roberto Marinho pedir que liberasse Gugu do compromisso, pois ele seria o seu possível substituto, caso tivesse de parar. Com o acordo feito, Gugu continuou no SBT, teve o salário inflado e ganhou programas aos domingos. Em 1993, estreou o “Domingo Legal”, que se tornaria a arma de Sílvio nos domingos. O estouro veio em 1996, provocando uma guerra pela audiência, onde o ibope era conferido minuto a minuto. Fausto Silva viu seu público migrar para o SBT. Quadros como a Banheira do Gugu e o Táxi levaram o programa, por diversas vezes, a liderança no horário. Esse sucesso se manteve até a, fatídica, falsa entrevista com o PCC, em 2003.


Na linha de shows, Hebe ganhou um novo programa às terças-feiras, chamado “Hebe por elas”, mas, manteve o tradicional às segundas. A "Praça é Nossa" seguiu forte aos sábados, mas, quem brilhou mesmo foi o “Programa Livre”. Apresentado pelo, recém contratado, Serginho Groisman, o programa trazia entrevistas feitas por jovens, misturadas com musicais e reportagens. O programa se tornou o maior itinerante de horários da emissora, passando por quase todos da grade. Carlos Miéle apresentou um programa apelativo, chamado “Coquetel”, onde mulheres apareciam seminuas e era exibido nos fins de noite.

O Jornalismo dos anos 90 no SBT não seria diferente se não fosse o “Aqui Agora”. O embrião dos programas jornalísticos policiais de hoje foi apresentado por vários jornalistas, embora os mais conhecidos sejam: Ivo Morgante e Christina Rocha. No final da década voltou ao ar, desta vez, apresentado por Ney Gonçalves Dias, porém, sem a mesma repercussão. Ney chegou ao SBT depois da ida de Boris Casoy para a Rede Record, saída essa, causada pelo descontentamento com a constante mudança de horário do jornal. Com a partida de Boris para a Record, O “TJ Brasil” ficou mais um tempo no ar, sob o comando de Hermano Henning, deixando de ser exibido posteriormente. Nesse período, a emissora passou por reformulações no jornalismo, boa parte das produções saiu da grade. No fim dos anos 90, tentou-se uma parceria com a Rede CBS. O jornal era apresentado por Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, ambos vindos da Rede Manchete, que começava a caminhar para a falência. Outra jornalista, de peso, contratada foi Marília Gabriela. Gabi apresentou o “SBT Repórter” e, mais tarde, o programa de entrevistas “De Frente com Gabi”, exibido nas noites de Domingo.



Na grade infantil saiu Bozo, mas ficou Vovó Mafalda. A simpática personagem, interpretada por Valentino Guzzo, ficou a frente de programas de desenhos, assim como de musicais, como o “Do Ré Mi”. Saiu Mariane, estreou Eliana. A garota, vinda do grupo Banana Split, encantou Sílvio Santos, que lhe deu a chance de um programa infantil. Primeiro com o “Festolândia”, depois, “Sessão Desenho” e o “Bom Dia e Companhia”, em 1992. Nele, Eliana se consagraria pelo apelo didático e canções educativas, como “Os Dedinhos”. Outra loira abrilhantou o SBT nessa época, trata-se de Angélica. Ao receber o convite de Sílvio Santos e sem ver futuro na Rede Manchete, que acabará de ser vendida, (negócio que mais tarde se desfez) a loira foi para a emissora paulista, onde ficou até 1996. Lá apresentou o “Casa da Angélica”, “Passa ou Repassa” e “Tv Animal”, os dois últimos, apresentados anteriormente por Gugu. Sérgio Mallandro também voltou a integrar o elenco em 1994, apresentando um programa com seu nome.




De todos, o infantil mais marcante foi o “Disney Club”, lançado em 1997. Exibido diariamente, no fim da tarde, o programa trazia desenhos da Disney, fruto de um contrato milionário com a produtora americana. Na mesma época, o SBT comprou um pacote de filmes a Warner que levou a audiência ao primeiro lugar nas principais sessões de cinema da emissora: “Tela de Sucessos” e “Cine Espetacular”.

Na dramaturgia, o SBT começou a década com o sucesso “Carrossel”. Produção mexicana de 1989. A novelinha elevou a audiência, encostando, diversas vezes, no Jornal Nacional, da Rede Globo. “Carrossel” foi exibida três vezes, num período de cinco anos. Outras mexicanas viriam em seguida, porém, nenhuma atingiu a popularidade da trilogia das Marias: “Maria Mercedes”, “Marimar” e “Maria do Bairro”, todas interpretadas pela cantora Thalía. Com a audiência em alta, a emissora investiu mais em folhetins mexicanos, pois eram mais baratos e traziam mais retorno. A última trama exibida nos anos 90 foi “A Usurpadora”, estrelada por Gabriela Spanic. O sucesso foi tão grande, que várias estrelas visitaram o país, participando dos principais programas da casa.



Com a chegada de Nilton Travesso, o SBT teve a melhor fase na produção de novelas brasileiras. Em 1994, o sucesso “Éramos Seis” entrava no ar com ares de superprodução. O investimento deu certo e a novela assustou a concorrência, diferente das produções anteriores, como "Brasileiras e Brasileiros", dirigida por Walter Avancini. Desta fase, ainda viriam: “As Púpilas do Senhor Reitor”, “Sangue do Meu Sangue” e “Os Ossos do Barão”, essas duas últimas sem muita expressão em relação às primeiras. Outra novela exibida foi “Dona Anja”, porém, produzida independentemente pela produtora JPO, tendo Lucélia Santos como estrela. Em 1996, o SBT estreou, no mesmo dia, três folhetins: "Colégio Brasil", "Antônio Alves, Taxista" (com Fábio Jr) e "Razão de Viver". Numa co-produção com a Telefé, emissora da Argentina, entrou no ar, em 1997, “Chiquititas”. Com cinco temporadas, a novelinha lançou produtos, discos, atores e aumentou a audiência. Encabeçada por Flávia Monteiro, a história ficou no ar até o ano 2000. No fim dos anos 90 ainda se produziu "Fascinação" e "Pérola Negra".


Novos nomes ficaram conhecidos, em rede nacional, pela tela do SBT nos anos 90. Celso Portiolli, ex-ator de câmeras escondidas, assumiu o programa “Passa ou Repassa”, deixado por Angélica, em 1995. Outros programas vieram na sequencia, como o “Tempo de Alegria”, dividido com Otávio Mesquita, que também apresentou o programa “Perfil”, nos fins de noite. Outra revelação foi Márcia Goldshimit. Com um programa repleto de confusões, bate-boca e brigas violentas, a nova apresentadora elevou a audiência do SBT, embora muito criticado, o show ficou no ar por mais de um ano, algo já incomum, na época, para a emissora.


Outra alavanca de audiência no SBT foi o apresentador Carlos Massa, o Ratinho. Recém chegado à emissora, numa transação milionária com a Rede Record, Ratinho atingiu, inúmeras vezes, o primeiro lugar em audiência. No início, a liderança era comemorada ao vivo, inclusive, com provocações à Rede Globo. Um tempo depois, a prática foi proibida, mas os índices aumentaram, principalmente nos momentos do famoso quadro dos exames de paternidade. Outro nome que chegou para integrar o elenco do SBT foi Moacyr Franco, cantor e humorista, que apresentou programas de paródias e, em seguida, dividiu com a atriz, mineira, Gorete Milagres, intérprete da personagem "Filomena", o humorístico “Ô Coitado”.

Em plena febre do "disque 0900", O SBT não ficou de fora e teve vários de seus programas ligados a essa prática, que resultava em distribuição de prêmios e lucro espantoso. Dessa linha de interatividade nasceu o “Fantasia”. O programa entrou no ar em 1997 e era apresentado por quatro apresentadoras: Valéria Balbi, Adriana Colin, Débora Rodrigues e Jackeline Petkovic. O show trazia brincadeiras e belas meninas, além da distribuição de prêmios em dinheiro. Mas tarde, saiu Valéria Balbi, sendo substituída por Tânia Mara e Amanda Françoso (ambas faziam parte do grupo de meninas do programa). Em seguida, saiu Jackeline que, substituindo Eliana, passou a comandar o programa infantil “Bom Dia & Cia”. Com a nova formação, o “Fantasia” seguiu até os anos 2000.


O SBT estreou, em 1997, a versão brasileira do “Tele Ton”. O programa, já existente em outros países, consiste de uma maratona com cerca de 25hs de programação e tem o intuito de ajudar uma entidade social. A instituição escolhida foi a Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD). Em sua primeira edição, o Tele Ton teve como meta, arrecadar R$ 9 milhões. Com o objetivo alcançado, o primeiro hospital foi construído no Recife, perto do Fórum Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra. Em 1998, se formou a "Rede da Amizade", composta por todas as emissoras de televisão, que liberavam seus artistas para participarem do evento, sempre fechado com a presença de Sílvio Santos e Hebe Camargo, que foi elevada à condição de madrinha do projeto. Em cada ano, a meta se elevou, mesmo assim, sempre foi alcançada.

Em 1996, O Complexo Anhanguera foi inaugurado, concentrando toda a produção de programas, jornais e Novelas, além da área administrativa. O SBT estava preparado para alcançar a liderança em audiência, porém, os anos 2000 trariam muitas, e desagradáveis, surpresas. Muitas delas, vindas da Rede Record, que começava a se reestruturar no fim da década de 90.


Na próxima semana! A última parte da reportagem SBT 30 ANOS: O início da terceira década, a perda da vice-liderança, o confronto com a Rede Record, os Reality Shows e a saída dos seus grandes nomes. Não Perca!
Fontes: A Fantástica História de Sílvio Santos /Fotos: Reproduções da TV, extraídas de blogs
Parabéns pela reportagem sobre os 30 anos do SBT , a Tv mais feliz do Brasil.Esse blog realmente é show não é a toa que é o meu preferido!!Abração!!!
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