ENTREVISTA: AUGUSTO CÉSAR


   Augusto Oliveira Pimentel é um romântico nato, literalmente. Ainda criança, na Praia de Maria Farinha, se apaixonou pela música. O namoro ficou mais sério na adolescência e o vitorioso casamento aconteceu nos primeiros anos da fase adulta. Como todo grande cantor da sua época, o nosso entrevistado também tem seu "carro-chefe": A música "Escalada". No total, são mais de 30 anos de carreira, vários discos gravados e milhares de apresentações no currículo.

   A entrevista que você acompanha nas próximas linhas foi realizada durante a produção do Trabalho de Conclusão de Curso deste blogueiro. Aproveitamos para também creditar a autoria deste TCC (Intitulado "A Escalada do Sucesso") a Fagner Lima, Ericka Moreira e Ronildo Alexandre. É um bate-papo que vale como registro da trajetória deste grande ídolo popular de Pernambuco. Leitores e leitoras, com vocês, AUGUSTO CÉSAR.

Como nasceu o interesse pela música?

Augusto César: Eu era menino e quem me impulsionou foi os anos 60. Eu curtia Roberto Carlos, Paulo Sérgio, Jerry Adriane, Wanderley Cardoso, Sérgio Reis, Wanderleia, Vanusa e outras musas que desfilaram e os artistas que eram o sucesso na rádio. Eu pequeno, 5 e 6 anos, já me via cantando. E eu descobri que era afinado. Nesse começo eu já tinha uma queda, uma visão, um aviso de que um dia eu seria um cantor profissional, porque eu já cantava sério.

Existia o Chacrinha fazendo o maior sucesso na televisão, o rádio tocando pra valer esse estilo. Os de maior sucesso, como Waldick Soriano, Orlando Dia, o José Augusto (O primeiro, porque depois veio o da nossa geração) e todo um universo de artistas da Jovem Guarda no Rádio. A Hora do Forró, com Luiz Gonzaga, Marinês e tinha o "Jornal de Samba".

"Jornal de Samba" era um folheto que era vendido nas feiras, nas ruas, nas bancas de revista. O jornal tinha a foto do artista e a letra da música de sucesso dele. Foi aí que eu comecei a aprender. Ainda não tinha chegado a minha época de ir a escola (Antes a gente ia pra escola com sete anos e já entrava na primeira série), então eu não sabia ler, mas o rádio me ensinava, eu decorava. Era um garoto, tinha a mente legal. Uma fase muito engraçada é que eu aprendia a música no rádio e sabia que tinha aquela letra no "Jornal de Samba". Então minha irmã mais velha, Jô, sabia todas as músicas, ela já sabia ler, e marcava com um asterisco, um xis ou uma estrelinha, aquela música.

Então no final da tarde, na Praia de Maria Farinha (Eu morava exatamente na beira do rio que você atravessava e chegava em Nova Cruz) ao por do sol. Eu sentava ou deitava na porta de casa e chamava atenção de quem passava pela minha casa porque eu estava cantando com o jornal na mão, mas eu já tinha decorado a música pelo rádio. As pessoas paravam pra ver e como eu já era afinadinho, começava a ganhar dinheiro. Então veio de berço. Foi daí que nasceu a vontade de ser cantor. Os meus irmãos, os amigos dos meus irmãos faziam as festinhas, os "assustados", e eu me infiltrava. No meu primeiro ano de escola eu cantava Renato e Seus Blue Caps e era atração das festas da escola.

Como foi a sua adolescência?

Augusto César: Nós saímos de Maria Farinha e fomos para Paulista. Meu pai e meus irmãos mais velhos resolveram alugar uma casa na Vila Torres Galvão (Muito conhecida na cidade). Então eu fugia de casa e ia com meus colegas pros programas de rádio no Recife e não perdia os programas de calouros. Tinha "Festa do Guri", programas de auditório e eu tava metido. E tinha uma coisa: Eu participava e a maioria deles eu ganhava. Recebia os prêmios, chegava em casa e entregava para minha mãe pra não levar "chamada".

Certa vez, eu já estava maior, acho que com 18 anos, e estava voltando de um trabalho que estava fazendo com os meus colegas. Quando eu passava por uma praça, tinha um show de rua que iria ter um programa de calouro e eu tava com uma camisa que não dava. Como tinha um amigo que usava uma camisa legal, eu falei "Você vai me dar sua camisa pra eu me apresentar". A gente trocou na rua, tipo jogador de futebol trocando padrão, fui lá e ganhei. Os prêmios eram dinheiro, toalha de mesa, sandália e eu fui crescendo assim.

Eu sou da época dos programas "Tempo de Felicidade" e "Catavento", que foram exibidos pelo canal 2, a Tv Jornal. Passei pelo programa de calouro inesquecível na minha vida, nesse período, quando o saudoso radialista Paulo Marques apresentava os shows de Roberto Carlos. Ele tinha os playbacks originais que tocavam no quadro "Quem canta como Roberto Carlos". A brincadeira era que você não escolhia a música, você tinha que conhecer pela introdução. Foi aí que comecei a estudar o cantor, que já era uma grande influência na minha vida. E eu ganhei esse quadro na Rádio Clube. Passei oito semanas sem que ninguém me tirasse. Aí ele brincou: Vou lhe dar os prêmios!!

Então o Roberto foi mesmo sua grande influência?

Augusto César: A "Jovem Guarda". Eu imitava Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, mas o Roberto é um espelho, tanto é que disse isso pessoalmente a ele. Não conheço um cantor que tenha tido uma trajetória tão perfeita.

Como seus pais viam o interesse pela música? Apoiaram ou tiveram algum receio?

Augusto César: Esse era o problema. Minha mãe era praticamente quem segurava a barra. Meu pai sempre teve um coração grande, mas para certas coisas ele era muito rígido. Como minha mãe me acobertava, eu tinha essa vantagem, mas eu tinha certeza que ele "pisava em falso" com relação minha carreira. Era uma incógnita e ele não se sentia seguro. Ele achava que eu iria me perder na vida. 

E eu com dez anos de carreira gravei um CD, e uma música de Chico Strada, um grande compositor, chamada "Te Desejando em Silêncio", fez meu pai se aproximar do som e dizer: "Agora você é um cantor". Aí eu falei: Pow, pai... Depois de dez anos?? (Risos). Porque ele achava que nessa música eu joguei toda a emoção e toda minha interpretação. E eu fiquei feliz por isso. Tanto que essa música é um dos meus grandes sucessos. 

Como foi o começo profissional?

Augusto César: Trabalhei em vários segmentos: pizzaria, motel (Quando ainda era hotel), e lá mesmo eu cantava para os hospedes. Cantava com os playbacks que conseguia com amigos, como Leonardo Sullivan, Reginaldo Rossi, Adilson Ramos, o próprio Roberto Carlos, que eu tinha alguns, mas o destino já tava traçado, estava na veia.

Eu já havia participado de festivais, como "Frevança" da Rede Globo. Foram dez edições, shows de calouros, bandas de baile e já faturava, além do aprendizado dos barezinhos, da noite, das boates. Juntei um leque de experiências diversas.

Meu primeiro compacto tem o título de "Caminhando", que eu compus com meu amigo Carlinhos Esperança e foi ganhadora de um festival estudantil de Paulista. A gente montava, com a ajuda da prefeitura e o último que a gente fez foi no estádio Ademir Cunha. Então nada era de brincadeira, era tudo sério e esses festivais foram um grande aprendizado na minha vida. Essa música entrou nele e nunca mais eu parei.

Um fato especial que você destaca desse início?

Augusto César: A música "Escalada" é o topo da minha vida e a de maior importância na minha estória profissional. Através dela tive a oportunidade de viajar o Brasil inteiro, de cantar e fazer shows ao lado de grandes nomes da música brasileira, como Zezé di Camargo no início da carreira, que gravava com a gente na mesma gravadora, Sula Miranda, Gilliard, que era a estrela maior da nossa companhia, e outros. Com ela eu tive toda a condição de um artista profissional de viajar e conhecer meus ídolos, artistas como Nelson Gonçalves e Cauby Peixoto.

Eu vivia viajando e as vezes não sabia nem onde estava, graças a estrutura que tinha em uma gravadora. Vi "Escalada" estourada no Brasil todo. Eu tenho um amigo que me levou para São Paulo, na época era comunicador da Rádio Globo, Paulinho Boa Pessoa. Ele veio a Recife e pegou um táxi do aeroporto para Olinda e no rádio estava tocando a música. Trocava de estação e também tocava. Então ele perguntou: Quem é esse menino?? Têm outras duas pessoas que ajudaram nesse estouro: Barnabé Bezerra, divulgador da 3M na época, e Gabriel, que é divulgador até hoje.

Houve uma bancada de seis ou oito pessoas, eu não participei, para escolher a música de trabalho. Pessoas que sabiam o que estavam fazendo e eu, marinheiro de primeira viagem. Quando lançaram, foi como um míssil. Aí emplacou! Fui para São Paulo e fiz os programas do Bolinha, do Fausto Silva (Faustão), ainda na Bandeirantes, depois fui pra Brasília. Quando cheguei em São Paulo, fui logo para a Rádio Globo, quando tocou a música, o pessoal começou a pedi-la. Eu me segurei na parede e me perguntei: Ai meu Deus, o que vai acontecer comigo??

Em algum momento você pensou em parar?

Augusto César: Não, eu não pensei em parar, mas dei um "time". No começo eu pensava primeiro em montar minha família e depois gravar. E tudo que eu pedi a Deus acontecia, mas eu não queria me afastar da educação dos meus filhos. Então quando meu filho era novinho, eu precisei passar quase noventa dias viajando. Quando voltei, ele estava bem magrinho, sentindo minha falta. Então eu tive um choque e dei um tempo pra me reestruturar e atacar de vez. Foi mais ou menos um ano, o tempo para me programar.

Analisando o começo com hoje, é mais fácil produzir e divulgar atualmente, mesmo com todo o problema da pirataria?

Augusto César: No meu tempo, para gravar o primeiro disco, rebolei muito. Tenho um irmão mais novo que era muito inteirado sobre minha carreira, furou um bloqueio e chegou no "Galetinho" (Flávio Moraes), um cara de grande peso na mídia regional. Esse cara conseguiu me colocar na Polygram, que era uma gravadora multinacional. Eles não investiriam na produção. Então meu irmão mais velho, Pimentel, que estava bem financeiramente, disse "Eu vou investir". Eu vou passar a vida inteira em débito com ele. Ele foi comigo no estúdio Somax e gravamos em oito canais. Tovinho (produtor musical) me produziu e a matriz foi para a Polygram em São Paulo. Lá eu fiz mais quatro LPs.

Daí em diante fui para festivais, shows de rua, comícios, junto com Reginaldo Rossi e os caminhos foram se abrindo. Naquele momento, gravar era muito difícil e complicado, se bem que divulgar também não era fácil, não. Você só gravava se realmente fosse afinado. Haviam testes nas gravadoras, eles queriam ver você cantando. Iam para shows para ter certeza que você seria uma peça fundamental para a gravadora.

Como você vê a divulgação com o apoio das mídias digitais?

Augusto César: Eu sempre digo que o segredo do sucesso está no rádio. Quando ele toca e o povo canta, a gente diz que a música virou sucesso. Hoje a velocidade da internet é uma coisa muito perigosa, insegura. Quem vai fazer sucesso agora? Vem um, daqui a pouco passa, vem outro. Se você não aproveitar aquele momento, passa. Você não consegue fazer o nome.

Eu lembro de duas coisas fundamentais que aprendi na vida: Uma aprendi com Reginaldo Rossi. Ele dizia: Se preocupe em fazer o seu nome, porque depois tudo que você gravar o povo vai saber que é você. Põe tua voz no ar! Já o Samir Abou Hana falava outra coisa: Quando der entrevista, não fala nome de gravadora nem título do disco, fala no seu nome. Porque quando a pessoa for procurar por música ou por disco, vai lembrar do seu nome. Isso me marcou de forma positiva. Geraldo Freire também foi um grande padrinho que tive, não desmerecendo os outros.

Naquela época, a gente tinha que fazer tudo "casado". Além da rádio, a gente tinha que fazer porta de loja e os clubes de bairro (As gafieiras). Hoje em dia tem muita gente que apareceu até um ano atrás e você nem lembra mais. Aí é onde mora o perigo. Mas se você se sustenta e tem uma produção por trás, não abandona o rádio e a televisão. De uma certa forma não mudou muita coisa a maneira de divulgar. A diferença é que antes tinham as gravadoras.

E a pirataria lhe trouxe prejuízos?

Augusto César: A pirataria complicou um pouco, mas quem sou eu para apedrejar, que tem que cuidar disso não sou eu. Fui para as ruas enfrentar com trabalho e não dizendo "Tira, tira". Quem sou eu pra tirar um carroceiro vendendo CD pirata da rua. Não estou aqui para brigar com ninguém. Estou para construir amizades. A minha maneira de concorrer com eles foi indo para a rua. As pessoas me perguntavam: Porque você foi pra rua?? E eu devolvia: Porque o carroceiro vende?? Porque tá na rua. Vende porque  tá na cara do povo. O preço é o segundo atrativo.

Mas também tem uma coisa, com os vídeos na internet, a pirataria não tem mais os tempos de glória. Mas tem o outro lado. Reginaldo Rossi estourou em todo Brasil graças a pirataria de calçada. Chegou o tempo em que você sabia que era sucesso se o carroceiro de CD pirata estivesse tocando sua música na rua. Então a pirataria tem seu lado positivo.

Você chegou a ter um selo. Fale um pouco dele.

Augusto César: A Escalada Records. Quando aconteceu essa estória da pirataria, as gravadoras foram enfraquecendo, as fábricas foram se acabando e a produção independente começou a crescer. Então passamos a ser independentes e cada cantor estava lançando seu selo. Uma vez conversando com Neguinho da Beija-Flor, durante um carnaval em Olinda, ele falou: Estou igual a vocês, montei meu selo, estou produzindo meus discos e estou vendendo. José Augusto me perguntou como eu estava fazendo para vender meus discos, aí falei que vendia nos shows e na rua. Ele falou que cobraram alto para produzir um disco e ele preferiria pegar o dinheiro, montar um estúdio em casa e produzir os trabalhos. Então todo mundo foi se virando.

E qual é a música que você não pode deixar de cantar nos seus shows?

Augusto César: Graças a Deus, eu tenho o privilégio de ver as pessoas cantando do princípio ao fim dos meus shows. Eu tenho que cantar e repetir "Escalada" e "Como Posso te Esquecer". "Ela Acabou Comigo" é um divisor de águas na minha carreira. O meu público era altamente feminino e quando gravei essa música, a posição se inverteu.

Como é sua relação com o público?

Augusto César: Adoro de corpo, alma e coração!! Em minhas orações, nunca pedi a Deus pra ser rico, famoso. Nunca fui ganancioso. Eu queria ganhar a vida dignamente e fazendo o que gosto, porque tudo fica mais bonito. Eu pedia para minha voz ir aonde o povo estivesse. Queria ser reconhecido e popular. A minha relação com meu público é verdadeira e vem de dentro de mim. Luiz Gonzaga dizia: Porque trabalhar tanto para ser conhecido pelo público e depois que consegue se afasta? Não faz sentido. Gosto de fazer fotos, vender meu produto, dar autógrafo, ver as crianças e os senhores cantando minhas músicas.

Ao longo da sua carreira, você recebeu alguma proposta que fosse contra o seu estilo??

Augusto César: Já!! Quando a lambada estourou com Beto Barbosa, vieram outras bandas, como Kaoma. Então o Sidney Magal começou a gravar também, aí chegaram pra mim e disseram: Grava lambada, bicho!! Tem que gravar senão não faz sucesso. Eu dizia que não, pois tinha meu estilo. Até canto forró em meus shows porque como nordestino, eu tenho que saber cantar. Agora porque vou gravar um disco, sendo que tenho um leque de amigos que já cantam e me admiram cantando na "minha praia". Aprendi a cantar frevo com Claudionor Germano. Um dia até poderia gravar um disco para homenagear o frevo, mas seria um disco extra.

Qual o segredo para se manter no mercado?

Augusto César: Nada acontece sem o trabalho, a divulgação, a base que foi feita e o alicerce. Na época das gravadoras, você tinha um "pool" de rádios para trabalhar no Brasil todo. Na hora que você faz seu nome, mesmo que passe um tempo sem um sucesso inédito, quando você lança algo novo e estoura, é uma continuação do seu trabalho. É diferente de você começar, parar, esquecer e depois querer voltar. Mas quando você tem uma vida sequencial, ativa, as coisas ficam menos difíceis. O trabalho é árduo e tem que trabalhar muito para manter o que foi feito. A sustentabilidade quem dá é o público, e para conquistar ele só com o trabalho.

Como é feita a estratégia de venda dos seus discos?

Augusto César: Ela é feita de duas formas: A primeira é no show. Durante a minha apresentação, tem um vendedor ou mais, dependendo da quantidade de público, enquanto estou no palco. Junto de mim tem uma mesa com os produtos que estão circulando. A medida que vou cantando, eu vou mostrando o CD ou DVD e informando que a primeira parte do show está num trabalho e a segunda parte está em outro. Isso faz com que as pessoas já saibam o produto que vai querer. Então se a pessoa gostar do show, ela já vai comprando. No final do show, eu atendo todo mundo, sem exceção, para autografar, tirar foto e dedicar o tempo para o pessoal que está comprando.

Já na rua, a estratégia é diferente. Na rua eu não estou fazendo show, eu estou cantando para vender o disco. Eu tenho um equipamento, duas caixas de som, mesa, toca disco e um microfone. Seu eu não estiver, a venda cai. Pouquíssimas pessoas compram. Então eu fico cantando e apresentando o disco. A gente monta um estande com uma mesa, coloca alguns banners. Coisas que eu aprendi nas lojas para chamar atenção. Aí as pessoas escutam a música e chegam perto pra saber em que disco está aquela canção. Esse corpo a corpo é muito legal. Agora tem que cantar, senão não vende.

Quantos CDs em média você chegou a vender em um dia?

Augusto César: Quando eu comecei a fazer o trabalho de rua eu fui procurado por alguns programas. Um dia Francisco José estava fazendo uma reportagem na Rua Nova (Centro do Recife) e me viu. Chico é muito criativo e produziu uma matéria comigo. Outros colegas de televisão e de rádio vieram e eu acabei voltando para a mídia por causa desse trabalho. Porque o jabá havia sido "oficializado" nas rádios. E como eu não podia pagar, eu caí de 50 execuções diárias para 5, e aí?? Acabou os meus shows, né? Aí o que pensei: A jogada de você vender na rua é incrível. É impressionante o resultado, porque você está vendendo o seu produto, recebendo o dinheiro, se sustentando, distribuindo esse disco por várias regiões e o show vem. É uma bola de neve que vai crescendo.

Eu cheguei a vender quase 300 CDs por dia no começo, em período de final de ano. Eu não contava por unidade, contava por caixa, que em média tem 25 unidades. Então cheguei a vender isso no Recife. Em cidades como Vitória de Santo Antão, Cabo de Santo Agostinho, Carpina a média era de 150 a 200 CDs. Com o passar do tempo, já não era a mesma coisa. Passou a vender menos, mas ainda assim vendia bem.

Como foi a experiência de ter uma música em novela?

Augusto César: Aí conta a importância de uma gravadora. Porque eu com meu selo não tenho suporte para colocar uma música em novela nacional seja qual for a rede de televisão. A Bandeirantes não é uma rede qualquer e em 1997 estava vivendo uma fase maravilhosa com novelas importadas. A direção da Paradoxx Music havia me prometido fazer um trabalho nacional (Eu havia sido indicado à gravadora pelo Sandro Becker), mas a novela foi uma surpresa. Eu nem sabia que estava tocando. Um dia recebi uma ligação de um amigo me dizendo: Bicho, não estás vendo não?? Põe na Bandeirantes, tem uma novela, "Maria Celeste", e tu tá tocando. Eu falei: Tu tá brincando?? e quando liguei, tava lá Augusto César tocando na novela. Eu fiquei super feliz lógico e saí contando pra todo mundo.

Augusto César é um homem realizado?

Augusto César: Eu tenho algumas coisas para realizar ainda, mas eu sou feliz com o que faço. Pode ser que a realização ainda aconteça, profissionalmente falando, como homem ou com a família. Claro que ainda tenho ambições profissionais. Alguns planos, projetos que estão para vir.

Deixe uma mensagem para a galera que está começando.

Augusto César: Deixa eu colocar essa mensagem como cantor. A nossa vida é uma roda giratória. Você não consegue se manter o tempo inteiro na cadeira de cima. A roda gira e ela desce. O cantor é um ídolo para as pessoas, é uma pessoa incomum, é diferente. Cidadão não. Ele é igual a todas as pessoas. O sonho não pode ficar só no sono. Você tem que ir atrás, porque você é capaz. Tem que ir atrás, senão não realiza.

Fotos: Divulgação

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