O DIA EM QUE RECIFE CHOROU

   Milhares de pessoas, cerca de 130 mil, segundo números divulgados pela Polícia Militar, estiveram na Praça da República, em frente ao Palácio do Governo de Pernambuco, no domingo (17), para a cerimônia de despedida do ex-governador do estado, Eduardo Campos. A movimentação havia começado no local desde as primeiras notícias sobre a queda do avião, aumentou ao longo dos dias e teve seu ponto culminante no momento em que as autoridades pernambucanas anunciaram o velório para o sábado e domingo.
 

 
  Os corpos chegaram, no fim da noite do sábado (16), e foram levados em cortejo, passando por 11 bairros, até o Palácio do Campo das Princesas, na região central de Recife. Durante toda a madrugada e início da manhã, a chegada de pessoas foi intensa.
 
 
 
    Por volta das 10h da manhã teve início à missa campal, conduzida pelo Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido. Durante todo o velório, políticos passaram pelo espaço montado para receber os parentes e amigos das vítimas. Entre eles, os também presidenciáveis Dilma Rousseff, que foi recebida com vaias, e Aécio Neves. O ex-presidente Lula também esteve presente.
 

 
   Pessoas desoladas, envoltas em bandeiras do Partido Socialista Brasileiro, de Pernambuco e do Brasil, também foram vistas aos montes. Muitos não continham as lágrimas durante os cânticos religiosos.
  


 
   Em alguns momentos, os presentes, muitos deles, eleitores, gritavam palavras de ordem e mantinham apoio ao agora ex-candidato. Aos familiares, coube o papel de receber o apoio dos admiradores e mostrar a força que Eduardo sempre cultivou. Um deles, o filho, ficou quase que ininterruptamente ao lado do caixão, coberto pela bandeira do PSB.

 
 
 
   A fila era quilométrica e, infelizmente, não deu para quem queria. Nem todos tiveram a chance de passar perto do caixão do ex-líder estadual. Os que tiveram a oportunidade faziam questão de guardar uma última lembrança daquele momento. Momento que ninguém jamais pensou viver tão cedo e presenciar as vésperas de uma eleição que poderia elevar Eduardo a condição de chefe de estado.
 

 
   O velório seguiu até o cortejo que levou os restos mortais de Eduardo Campos ao Cemitério de Santo Amaro, também acompanhado por uma multidão. Por volta das 18h, a urna com o ex-governador foi enterrada ao lado do túmulo do seu avô, o também ex-governador Miguel Arraes, morto, por ironia do destino, exatos nove anos antes.



 
   Apesar de todas as circunstâncias, o povo parecia ainda não aceitar que Eduardo Campos partira. O velório foi à confirmação da triste notícia. Mesmo assim, ao contrário da tristeza pela morte, a família celebrou a vida de Campos. Uma vida dedicada ao bem-estar do povo... E o povo agradeceu.
Imagens: George Luiz / G News Blog

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