O país está na efervescência do “Jubileu de Ouro” do golpe militar de
1964. A discussão voltou com força total. Aliás, desde que Dilma Rousseff
assumiu o posto máximo da gestão do país, vez por outra o tema volta aos
noticiários. Na terça-feira (1), por exemplo, o congresso parou seus trabalhos
para dar lugar às homenagens aos torturados e aos torturadores. Ambas as
partes, os que condenam e os que defendem o regime, quase foram às “vias de
fato”, tamanho descontrole.
É inegável que foram anos de mordaça cruel ao povo. Um
governo ríspido que quem ousasse falar uma palavra contra era alçado
imediatamente ao posto de inimigo a ser aniquilado. As ruas viraram campo de
guerra, os jovens foram à luta, quem enfrentou os militares foi torturado,
morto, deixou o país por um tempo ou passou por tudo isto e ficou com seqüelas
ardentes para todo o sempre. Pra se ter uma ideia, tem gente cujo o paradeiro é
incerto até hoje, 50 anos depois.
Não vamos fugir da necessidade de descobrir os mandos e
desmandos do passado negro e punir os responsáveis (Os que restaram, porque já
se foram quase todos), mas daí a parar os trabalhos do presente é,
indiscutivelmente, afetar o bom andamento do Brasil no futuro. Um país com os
problemas que tem, que paralisará suas atividades durante a Copa do Mundo e as
eleições, não pode perder tempo insistindo em apenas investigar o
passado.
Que se crie a “Comissão da Verdade” é louvável, que seja
reconhecido o direito dos maiores prejudicados com toda esta história, também
é, mas é preciso não ficar o tempo inteiro olhando para trás. Primeiro, porque
tendo a justiça que nós temos dificilmente alguém vai ser punido (Tem “nego”
cometendo crime a torto e a direito, sendo pego em flagrante, e não passa um
dia na cadeia). O fato servirá como exemplo para as próximas gerações? Talvez.
Pelo menos, que não aconteça novamente.
Torcemos para que os crimes sejam devidamente investigados
pelo órgão competente e as conclusões apresentadas à população, mas que de uma
vez por todas os senhores legisladores parem de aproveitar qualquer brechinha
para ficar de papo pro ar, conversando coisas que, sabemos de “có e salteado”,
não vai dar em nada. Este tempo todo injetado a abordar a ditadura militar
parece muito mais uma manobra para dar uma apaziguada nos ânimos dos que querem
a CPI da Petrobras e dos que não desejam a realização da Copa, do que interesse
em esclarecer as tragédias dos 21 anos de “chumbo”. É pra frente que devemos
andar, e rápido.
Até porque, nós sabemos muito bem, esclarecer não é uma
atitude comum da maioria dos nossos distintos políticos. Quanto mais escondido,
implícito e artificial, melhor para todos eles. Afinal, ninguém quer levantar
mortos em plena época de pleito eleitoral, não é mesmo?
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