BATE PAPO : MACIEL JÚNIOR



   Ele nasceu no agreste pernambucano, na cidade de Limoeiro. Com 16 anos já trabalhava em rádio fazendo o que mais gosta: Esporte. Migrou para o Recife, onde passou por grandes emissoras até chegar a Rádio Jornal do Commercio. Na estação, se tornou um dos principais comentaristas de futebol do estado. Atualmente, além da rádio, apresenta um programa na Tv Jornal, com cerca de 10 minutos, chamado “Replay”, onde comenta os lances das partidas do dia anterior. Torcedor fanático do Centro Limoeirense, MACIEL JÚNIOR.

INÍCIO DA CARREIRA

MJ: A primeira vez que eu vim pra Recife, foi para a Rádio Tamandaré fazer um teste, eu era de Limoeiro e fazia o plantão esportivo, com 16 anos, na Rádio Limoeiro. Lacerdinha, um cantor antigo, foi fazer um show em Limoeiro, me ouviu e foi lá na rádio. Me chamou e disse que ia me levar pra conhecer a Rádio Tamandaré, no Recife. Aí eu fui pra Tamandaré, pouco tempo depois. Aí cheguei, tava a equipe: Ivan Lima, Carlos Miranda, Ednaldo Santo Amaro. Eram líderes de audiência. E aí, eu cheguei num mês, me preparei para entrar, no mês seguinte, fechou o departamento esportivo da Rádio e eu saí, nem chegaram a assinar minha Carteira. Os outros se encaixaram em outras rádios e eu voltei pra Limoeiro. Aí eu pensei comigo: ”Vou fazer mais não, vou desistir”. Eu voltei a trabalhar lá na cidade, num escritório de cereais, durante a semana inteira, estudava à noite, fazia faculdade em Nazaré da Mata e no domingo, em vez de me divertir, ia fazer futebol.

TRABALHAR COM ESPORTE

MJ: Por exemplo: Futebol. É de uma entrega sem tamanho. Jornalismo de um modo geral, mas, esporte é muito mais. Esqueça domingo, fim-de-semana. Você tem que se dedicar e entender que vai trabalhar no sábado, vai ficar preso na redação no domingo, trabalhar num feriado, dia santo. O cara que ta em casa, quer assistir televisão, quer ouvir rádio. Principalmente no futebol, quando tem jogo no domingo e eu vou comentar, se eu sair no sábado tenho que cuidar da voz. A vida social no fim de semana, pra quem é de futebol, é muito pequena.

DIFERENÇAS EM COMENTAR PARA TV E PARA RÁDIO

MJ: Na narração de futebol pela tv, muitas vezes, o narrador começa a falar alguma coisa e tem um cara, falando no ouvido dele: “Não fala, que não podemos mostrar, não fale, não tem imagem disso aí!”. Porque se o cara fala, quem está em casa vai se perguntar: “Cadê a imagem disso?”.

CÂMERA DE TV, EM TRANSMISSÃO DE RÁDIO, ATRAPALHA O NARRADOR?

MC: Eu não me incomodo não. Tento entender que esse é meu trabalho. Agora é normal ficar preocupado com a câmera que está ali.

COMPETIÇÃO PELA INSTANTANEIDADE ENTRE RÁDIO E INTERNET

MJ: Tem aquela história de que quando o mundo se acabar, o rádio vai anunciar primeiro. Porque na internet, você ainda vai escrever e no rádio o cara grita: “Oh! Ta se acabando” pronto (risos). Na internet tem aquele texto: “O mundo em que vocês viveram...” tem que escrever um monte de coisas até falar o “acabou”, né?

EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO PARA O RÁDIO

MJ: Eu acho que foi um divisor de águas. O rádio, depois da internet, teve que se modernizar, melhorar, virou a página de novo e ta conseguindo sobreviver, aliás, fazendo da internet não só um canal para levar mais longe, como uma ferramenta para ajudar. A velocidade da rede deu para o rádio uma força muito maior.

O JORNALISTA ERRA?

MJ: Nós também erramos. Eu, por exemplo, passei um tempo na CBN e fui entrevistar uma doutora. Uma das perguntas que eu tinha de fazer era sobre o que ela achava do projeto de desindicalização. Nunca mais esqueci essa palavra, mas no dia não saia de jeito nenhum. Tentei várias vezes, li sílaba por sílaba, ela começou a rir e querendo entender o que eu queria dizer. Quando eu vi que não ia sair mesmo eu soltei: “Essa proposta pra acabar com o sindicato?” Pronto! Ficou horrível. Eu saí procurando um buraco pra enfiar a cabeça.

TRANSMISSÃO DE FUTEBOL EM OFF TUBE

Edgar Pedro: Quando vocês narram uma partida de futebol ou vocês fazem comentário, existe a possibilidade de se fazer isso vendo o jogo na TV?

MJ: Há um tipo de transmissão que chama, no rádio, Off tube. Nós já fazemos a um bom tempo, que é transmitir o jogo vendo a televisão. Geralmente, a nossa rádio, por exemplo, ela não deixa de ter um profissional lá no estádio, no campo. Quando é perto, todos vão, mas quando é longe, vai sempre um repórter e nós ficamos no Off Tube. Na copa do mundo não, agente (a equipe) vai.

MERCADO DE TRABALHO PARA O JORNALISTA

MC: Eu acho que tem crescido. Tem melhorado e eu sou otimista. Eu torço para que se abram novos espaços. Hoje temos muitas rádios, temos três grandes jornais, televisões. Eu acho que tem mercado, mas o profissional tem que se preparar. Decidir já o que quer. Quando eu vou numa faculdade, eu digo logo: “Veja sua vocação!”. Sinta o que você quer.

MC: Mas, eu acho que é por aí. Mercado tem e eu torço para que melhore. Pra mulher também, hoje existem poucas mulheres trabalhando com futebol. Tem assessoria também. Vai chegar a Fiat e mais sessenta empresas, quer dizer, elas vão precisar de assessoria.

PARA OS NOVOS PROFISSIONAIS

MJ: Na rádio CBN tinha um cara que era marinheiro, oficial da Marinha, sargento, médico, e estava lá fazendo estágio. Aí eu perguntei o que ele estava fazendo ali, ele me respondeu que tinha gostado e que estava vendo como era.

MJ: Onde eu chegou, converso com quem está se preparando e digo: “Vá, use esse dom, que acho que rádio, televisão, jornal é um dom que você tem, uma vocação. Que você vai aperfeiçoar, aprender e não tenha medo de errar. Tenta, volta, errou, faz de novo”.

Aroldo Costa também participou da conversa com os acadêmicos


   O encontro aconteceu na Faculdade Joaquim Nabuco de Recife no dia 26 de agosto de 2011. Perguntas de Edgar Pedro, Larissa Souza, Jackslene Silva, Anne Karolynne e George Luiz. Conversa mediada pela radialista Isabelita Guerra.

Fotos: Ericka Moreira

Comentários

  1. Maciel Jr. sou de Limoeiro,adoro futebol e te admiro como profissional.
    tenho uma historia pra te falar de uma recém formada em jornalismo pela Universidade Católica pelo Fies. Uma criatura que teve uma infância muito sofrida, fez estagio aqui no IBAMA onde eu trabalho,ela é de Sertãnia queria realizar o sonho e a necessidade de trabalhar numa rádio seria possível voce conseguir algo pra ela. Meu nome é Solange meu celular 999907760- 3201-3816, meu marido é amigo de infância de Edvaldo do Jornal do Comercio.O nome dela é Elizângela Honório. Obgda.

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